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Maria Fumaça – uma viagem histórica ao passado de União da Vitória

 

Indescritível é a emoção embalada pelo deslizar sobre os trilhos, o apito, o som cadenciado do conjunto máquina, trilhos e natureza.

Uma volta ao passado. Essa é a emoção para quem teve a oportunidade de, nos dias 25 e 26 de outubro último, poder participar do Passeio de Maria-Fumaça, da Estação Central de União da Vitória até a Estação de Engenheiro Mello. Pouco mais de uma hora de pura emoção e volta ao passado.

Quando o som do apito inicial, indicando a partida, para muitos foi a primeira aventura nesse tipo de transporte, para outros, um momento de reacender as memórias do passado.

Lembro-me como se fosse hoje, quando ainda morava em União da Vitória, isso lá pelos meus sete anos de idade; para visitarmos nossos familiares que residiam em Rebouças-PR (cidade onde resido atualmente), chegar até lá; só de Maria-Fumaça. Sempre foi mais barato e mais fácil – naquela época – viajar de Maria-Fumaça.

Mas, voltando ao passeio de trem; vagão lotado de passageiros, aos poucos lá foi Maria-Fumaça, lentamente saindo da estação de União. Não houve quem deixasse de parar por alguns instantes essa vida corrida para apreciar sua passagem pela cidade.

Para surpresa dos viajantes, quando a Maria-Fumaça parou na estação de Engenheiro Mello, na plataforma, lá estava a representação de um personagem que remonta à Guerra do Contestado; João Maria D’Agostini, um italiano nascido em 1801, que ficou conhecido na região por sua grande religiosidade, ensinamentos, conselhos, receitas de ervas, entre outros. Ele foi uma das figuras principais da Guerra do Contestado. Conhecido por muitos como milagreiro, para outros, homem de orações e, para aqueles que viviam naquele período, um conselheiro.

Sem dúvida, a viagem de Maria-Fumaça fez um resgate na história.

Como não resido nessa região de União da Vitória, tive o privilégio de reviver minha infância, embalada pelo aroma da lenha queimando na caldeira da Maria-Fumaça, embalada pelo som desse gigante, deslizando novamente pelos trilhos da história.

Pena que certos acontecimentos acabam ficando mesmo apenas na história. A modernidade engole a nostalgia, que em sua simplicidade têm toda a riqueza de momentos vividos.

Lamentável é constatar que em nossa região, sequer sobraram os pilares de uma estação de trem. Um descaso, um assassinato contra a memória de um pouco. Um povo sem memória é um povo sem história.

Feliz é União da Vitória  e Porto União que podem, ainda hoje contar com ações como a Semana do Contestado (20 a 27 de outubro), ou Grupo Resgate, de Calmon-SC; que proporcionam ao menos em dois dias  encenar no presente momentos históricos do passado, e manter um trabalho de resgate da história dessa região, que influenciou no surgimento de cidades e deu sua parcela de colaboração na história do Brasil.

A GUERRA DO CONTESTADO

Aquele foi um período de disputada pelos Estados de Santa Catarina e Paraná, denominada região do Contestado (1912 a 1916), objetivado pela posse de terras que  envolveu cerca de 20 mil sertanejos revoltosos com os governos estaduais, que concentravam a terra nas mãos de poucos, somando-se o fato onde o governo federal, que concedeu uma extensa área, já habitada, à empresa norte-americana Brazil Railway Company, pertencente ao multimilionário Percival Farquhar, que além do direito de terminar a estrada de ferro São Paulo – Rio Grande do Sul, ganhava também o direito de explorar 15 km de cada lado da estrada.

A concessão da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, iniciou com o engenheiro João Teixeira Soares em 1890, abandonando o projeto em 1908, transferindo a concessão para uma empresa norte-americana Serraria Lumber, Três Barras.

Farquhar criou também a Southern Brazil Lumber and Colonization Co, que tinha por objetivo extrair a madeira da região e depois comercializá-la no Brasil e no exterior. Além disso, a empresa ganha também o direito de revender os terrenos desapropriados às margens da estrada de ferro. Esses terrenos seriam vendidos preferencialmente aos imigrantes estrangeiros que formavam suas colônias no sul do Brasil.

A Brazil Lumber construiu duas grandes serrarias, uma em Três Barras, considerada a maior da América do Sul, e outra em Calmon, no qual teve a devastação de imensos e seculares pinheirais.

Os chamados caboclos enfrentaram as forças militares dos dois Estados e do Exército

Nacionais, encarregados da repressão, liderados inicialmente pelo monge peregrino, que um ano mais tarde, após

sua morte, faria eclodir um movimento messiânico de crença

na sua ressurreição e na instauração de um reinado de paz, justiça e fraternidade, os revoltosos chegaram a controlar uma área de 28 mil quilômetros quadrados. O objetivo era o direito de terras, e combater a entrada do capital estrangeiro, que explorava a madeira e vendia a terra a colonos imigrantes.

A Guerra do Contestado terminou em massacre e a rendição em massa dos sertanejos.

Conta-nos a história que, além de fuzil, canhão e da metralhadora, pela primeira vez na América Latina, era usada à aviação com fins militares.

Quando findou a guerra, surgem as primeiras cidades.

por: UNIUV

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