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ARTIGO – Um mundo mergulhado em significados



Tudo para nós significa, além das palavras: os símbolos, ícones, índices.

Uma bandeira, uma fotografia, uma nuvem escura no céu. E mais: a moda, o andar, o olhar, a expressão facial, os gestos, a distância entre os falantes.

O estudo de toda representação em forma de sinal, verbal ou não-verbal, chama-se Semiótica. E é muito vasto seu campo de estudo. Ela acompanha o funcionamento social de todos os códigos já consagrados, como o das línguas, dos números, dos jogos, de libras, braile, sinais dos escoteiros, de trânsito, entre tantos inumeráveis modos de comunicação existentes. Incluem-se, ainda, os signos menos explícitos, aceitos no uso diário, aprendidos no dia a dia da convivência humana.

A Semiótica é uma ciência relativamente recente, moderna, que tem ampliado os campos de estudo dos sentidos e efeitos de sentido, nos contextos concretos de interação social.

Os profissionais de Comunicação Social (que trabalham em rádio, tevê, imprensa, internet), conhecem bem o valor de cada sinal aplicado.

Que dizer das marcas publicitárias, dos logotipos, das cores, do status e sentidos que aderem aos produtos? Quem não quer usar um tênis da marca usada por um campeão esportivo?

A subjetividade perpassa todos os signos (sinais significativos), despertando emoções, lembranças, desejos. E, no caso da publicidade, vem a identificação com os modelos, a vontade de possuir aqueles bens de prestígio e beleza. Na esteira do consumismo provocado pelas marcas bem divulgadas, trabalham as indústrias de artigos diversos, para crianças, jovens ou adultos, com grande êxito comercial.

Na verdade, o ser humano é essencialmente comunicativo e social, interdependente e, com o progresso da tecnologia, pode dar vazão a esse espírito. É preciso senso crítico para não ser massificado.

Drummond de Andrade já destacava essa situação em seu poema, Eu Etiqueta:

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“Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

Minha gravata e cinto e escova e pente,

Meu copo, minha xícara,

Minha toalha de banho e sabonete,

Meu isso, meu aquilo,

Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

São mensagens,

Letras falantes,

Gritos visuais,

ordens de uso, abuso, reincidência,

costume, hábito, premência,

indispensabilidade

e fazem de mim homem-anúncio itinerante,

escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.”

Como o espírito humano é altamente influenciável à comunicação visual aliada a situações em que tudo parece mais bonito, elegante, requintado, concluímos com as palavras do próprio Drummond: “É doce estar na moda/ ainda que a moda seja negar minha identidade, trocá-la por mil, açambarcando/ todas as marcas registradas, / todos os logotipos do mercado.”



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 12 de junho de 2009, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV

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