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ARTIGO – Eles



Essa obra, composta de 1.011 pensamentos de João Darcy Ruggeri, poderia bem chamar-se Iracema, meu amor.

A obra toda transcende a vida material à espiritual, transbordando em emoção, carinho e saudade.

A separação involuntária e definitiva da amada torna o eu- lírico mais unido a ela, no campo metafísico, pela fé, pelo amor e pela esperança, pela saudade, pelas lembranças, e mistérios da vida e da morte.

São pensamentos românticos, profundamente expressivos de vida interior. “Iracema, meu amor! As alianças – símbolos, da nossa união, sulcaram nossos dedos, durante 46 anos, amalgamando nossas almas pelo amor, tornando-as gêmeas para sempre”.

Com certeza, quem conviveu, anos a fio, com alguém que lhe ofereceu ternura, proteção e diálogo e muitos momentos tecidos de emoções, alegrias, consolo, palavras, e silêncio de compreensão, tem dificuldade ao ver-se sozinho: as imagens já se fundiram, são inseparáveis.

As invocações poéticas são preces, são diálogos, recolhidos pela lua e pelas estrelas ou pelo luar, e alcançados a sua musa. São o desabafo sublimado da dor da perda e da constatação de verdades pelas quais todos passaremos.

Muito significativo o pensamento dirigido aos filhos. “Para que lembremos da Mãe Iracema, basta que nos olhemos”. Ela se manifesta neles, no seu modo de ser, na visão de mundo, no carinho que os une, fruto de muito amor recebido. E daí vem o grande enigma de outra vida. “A pior de todas as procuras é tentar localizar o grande amor que partiu para a eternidade”. E a possibilidade do reencontro…, na eternidade. O ser humano fragilizado pela saudade se expressa em uma hipérbole “de copiosas lágrimas despejadas pela imensa nuvem de saudade, escondendo o sol do seu viver -“Iracema”.

Há o consolo da comunhão espiritual “um namoro às escondidas”. E, por fim, a descoberta de que o importante é que o amado sempre está com os amados: ”Iracema, nosso amor! Onde estás agora não sabemos! Importa, sim, onde estiveste, porque nele sempre estarás: em nossos corações! O nosso envolve toda a família, a unidade e a paz. Machado de Assis em seu soneto a Carolina também expressa esse sentimento, diferente de qualquer outro, de uma perda de parte se si mesmo. “Que eu, que tenho nos olhos mal feridos pensamentos de vida formulados, são pensamentos idos e vividos.”

João Darcy Ruggeri foi sócio fundador da Rádio Colmeia de Porto União (1956), e fundador da Academia de Cultura Precursora da Expressão em Porto União e União da Vitória. Todos nos irmanamos com seus sentimentos tão pessoais quanto universais.



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), membro da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 20 de novembro de 2009, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV

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