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ARTIGO – Uma visita ao Abrigo Santa Clara – Honra ao mérito


Estivemos esses dias no Abrigo Santa Clara, em frente ao Baú Clube de Campo, em que duas Irmãs Franciscanas são as responsáveis, há cinco anos, pelo funcionamento. Entregamos alguns donativos arrecadados pela Uniuv, durante a Mostra de Cursos 2011, e fomos convidados a visitar as dependências do Abrigo e suas residentes.


À esquerda de quem chega, está a primeira casa, de madeira, simples, onde a história começou. Logo perto há um Oratório. As casas novas, de concreto, ficam mais no alto, e o pátio é alegre, todo ornamentado com flores e figuras de contos de fadas. Há também uma imagem de Cristo de braços abertos e uma de Santa Teresinha.


As 25 senhoras nos pareceram muito à vontade: umas chupavam mimosas, ao sol, outra descansava com um gatinho no colo, sentada a uma pedra; outras, na cozinha, esperavam para preparar o lanche da tarde; outras estavam cuidando do forno, para assar os pães.


Irmã Raimunda mostrou os quartos e banheiros, limpos e arrumados com esmero, por elas, as doentinhas, que sofrem de esquizofrenia ou de depressão grave. Na copa, sobre as mesas, havia toalhas de crochê, feitas por elas mesmas, cobertas com plástico transparente. Elas bordam e fazem artesanatos, umas ensinando às outras.


Todo o ambiente revela ordem e excelente coordenação. A Irmã Raimunda, maranhense, sorri feliz, e menciona a ação divina que lhes permite cuidar bem de todas as mulheres que estão vivendo no Abrigo. Nesse ínterim, chegam algumas visitas para uma das internas, conversam um pouco com a Irmã e um pouco com sua amiga que, efusivamente, repetia algumas palavras, de difícil compreensão. Estaria dizendo para nós, segundo a Irmã, animadamente: “É minha mãe! É minha mãe! É minha mãe!”


A outra Irmã chama-se Reginalda, e é paulista. Elas trabalham sem afobação, num estilo bem franciscano: “pedra por pedra…” Também colaboram ali, a cozinheira, Lildiane do Nascimento, maranhense, e um irmão da Irmã Raimunda, Augusto César, casado, dois filhos, que contribui nos serviços mais pesados da casa. Agora está em tratamento, pois foi acidentado, com sua moto, em viagem de visita a parentes que ficaram em sua terra natal.


A cada dois meses, as internas são levadas para consulta com a médica, que revisa o andamento da saúde de cada uma delas. As doses indicadas nas receitas são levadas pelas Irmãs, que separam, na Farmácia do Abrigo, o que cada uma deve tomar diariamente e o horário. Essa Farmácia fica fechada, e, na hora estabelecida, as pacientes recebem seu remedinho, nas mãos, e tomam-no.


Elas ainda estudam. Pela manhã, há as que cursam de 5.ª a 8.ª série, com a professora Helga, pelo programa de Educação de Jovens e Adultos – EJA; e à tarde, outras frequentam aulas de alfabetização, pelo programa Paraná Alfabetizado, com a professora Gisele Patrícia de Souza.


A visita, já por três vezes, a esse Abrigo, desmistifica a crença de que, em casa, o doente está mais bem atendido, ou de que as Instituições deixam sempre a desejar no atendimento.


Ali se tem a certeza de que as internas, embora em tratamento, estão tranquilas, felizes, realizando seu trabalho, recebendo toda a atenção das Irmãs e delas, entre si. Dificilmente, no mundo moderno, alguma família daria a um paciente como esses, as condições ali oferecidas. Os familiares cerceariam demais as ações do doente, não levariam muito em conta suas habilidades e, o pior, não teriam tempo para a convivência, para estar uns com os outros, sem se irritar, sem magoar, sem gritaria ou atropelo. No máximo, contratariam um enfermeiro(a), para atender seu parente amado, mas isso não impediria um certo grau de solidão ou de insatisfação.


Fiquei muito feliz ao conhecer melhor esse Abrigo, extremamente valioso, que existe em União da Vitória. Que bom se todas as cidades pudessem contar com uma Instituição como essa, que, sem propaganda, opera milagres em nosso meio.


 


* Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi) e da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua Portuguesa, no Colégio Técnico de União da Vitória (Coltec), e nos cursos de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv. Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

por: UNIUV

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