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Um grito de guerra contra a inércia

Uniuv recebeu, dia 28 de maio, a Major Elza Cansanção Medeiros que relatou sua experiência como enfermeira voluntária durante a 2ª. Guerra Mundial e no restante da sua vida como militar

Quem é essa senhora senão a encarnação do mais acendrado patriotismo?

E sua palestra não seria acaso um verdadeiro grito de guerra contra a inércia perante os desmandos existentes contra a nação?

Liderança, dinamismo, bom humor, linguagem jovem, afinal, Major Elza é vibrante. Possui uma garra invejável e fala com galhardia. Seu espírito humanitário revela-se ao se dispor, contra toda expectativa, a ser enfermeira durante a 2ª. Guerra Mundial, na Itália.

Filha do médico Thadeu de Araújo Medeiros e de Aristhéa Cansanção, Major Elza, nascida em 1921, veio realizar palestra na Uniuv acompanhada pelo Ten. Cel. Forjaz, que, carinhosa e filialmente, a assessorou durante o evento. Comoveu a platéia e despertou aplausos calorosos. Tratou do assunto com altivez e extrema sinceridade. Uma personalidade dinâmica e inteligente, tem formação multifacetada: enfermeira, massagista, jornalista, psicóloga, escultora, pintora, piloto de ultraleve. Há mais itens em seu currículo.

Quantas línguas fala cada um de nós? Major Elza destacou-se como intérprete na 2ª. Guerra Mundial, falando fluentemente em cinco idiomas. Foi a primeira Voluntária para o Serviço Voluntário de Doadores de Sangue, da Cruz Vermelha Brasileira, em 1942.

Como Enfermeira – Chefe de um Hospital em Livorno (Itália), com 1.200 leitos, exerceu todas as funções possíveis, inclusive a de auxiliar de cirurgia, juntos das outras 24 brasileiras e demais norte-americanas.

Num Hospital em Pisa (Itália), com sua pró-atividade e liderança, colaborou sobremaneira para o salvamento dos doentes, pegos de surpresa por uma tremenda enchente, fruto do rompimento de alguma barreira de um rio.

Em Alagoas, terra de seu coração, terra de seus pais, coordena socorro voluntário às vítimas do torpedeamento do navio Itararé. Em Pernambuco, reorganiza a Cruz Vermelha e inicia um Curso de Voluntárias Socorristas. Participou, ainda, na Guerra da Coréia.

Publicou livros, dirigiu revistas, e veio colaborar com o 5º. Batalhão de Engenharia de Combate Blindado (5º. BEC Bld) de Porto União na organização de uma revista. Mas, como as flores perfumam os jardins onde florescem, não poderia deixar esta comunidade sem suas preciosas palestras e entrevistas. Toda sua eficácia nas missões a que se dispôs pode ser avaliada em medalhas, títulos honoríficos e condecorações recebidas, que sabemos não corresponder a todo seu labor e presença preciosa como feixe forte de luz.

Na verdade, foi um gênio a serviço da Pátria, a serviço das sofredoras vítimas da guerra. Humanista e corajosa, foi a primeira brasileira a apresentar-se para servir como enfermeira na Campanha da Itália.

Major Elza fez sua palestra-depoimento num tom jovial, a partir de fotos muito significativas. Desde jovenzinha, o mesmo semblante alegre e acolhedor. Contou detalhes interessantes, com referência a sua admissão no Exército, o treinamento recebido, no Brasil, e na Itália, as condições dos alojamentos, de lona, a tomada de lugares de difícil acesso, as estratégias e bravura dos soldados brasileiros vencendo a superioridade numérica do inimigo.

Durante a palestra, projetada a imagem da Bandeira Brasileira, Major Elza põe-se de pé, e com um brilho especial no olhar, e voz firme, conclama os acadêmicos a cumprirem com devoção e zelo seu dever de cidadãos brasileiros. Os aplausos e as lágrimas falaram por nós.

E prossegue a palestra, com bom humor e seriedade, revelando, com sua vida, a missão do Exército e do Civil, entrelaçadas, graças à dignidade, à consciência crítica e, acima de tudo, à pronta e competente atuação.

Major Elza, bela, jovem e culta, não pensou em conforto, não teve medo, nem hesitou perante o horror dos mutilados e da morte. Mostrou-nos como eram enterrados nossos mortos, o apreço fraterno que havia entre os militares, o cuidado que dispensara a seu Castelo (uma cabana de lona, mas comporta e luz móvel, a penteadeira e outros móveis que improvisara com caixotes).

Para os acadêmicos presentes, ficou a certeza de terem recebido uma aula magna de civismo.



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.



Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail
prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa nº. 1.998, e na edição on-line nº. 498 do Jornal Caiçara, de 6 de junho de 2008.

Fotografia: Lúcio Passos

por: UNIUV

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