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ARTIGO – Verbos e tabuada
O estudo dos verbos durante o Ensino Fundamental é muito importante, porque o verbo está presente em quase todos os atos de fala e a oralidade, por motivos diversos, tem difundido variantes errôneas, que se firmam como adequadas. Conhecer bem o presente do indicativo (o momento da fala) e o presente do subjuntivo (hipótese correlata ao presente do indicativo), que deriva da primeira pessoa daquele, facilita a memorização da forma correta. Eu faço – que eu faça; eu digo – que eu diga; eu posso – que eu possa; eu trago – que eu traga.
Estudar bem o pretérito perfeito do indicativo (passado pontual, que aconteceu ontem) leva a acertar as formas do pretérito mais que perfeito do indicativo, do pretérito imperfeito do subjuntivo e do futuro do subjuntivo. Vir – eu vim; poder – eu pude; crer – eu cri; saber – eu soube; querer – eu quis; fazer – eu fiz. A raiz desse tempo, na 3.ª pessoa do plural reaparece nos tempos derivados.
Conhecer verbos é básico como saber a tabuada. Ainda mais em nossa região, em que é comum dizer: “ponhei, ganhemo, truxemo, di, comimo”, etc. Alterar hábitos linguísticos exige esforço pessoal, daí a necessidade de aprofundar a questão do ensino dos tempos primitivos e derivados.
A importância do Pretérito Perfeito do Indicativo dos verbos é que dele derivam o Mais-que-Perfeito do Indicativo (-ra), o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo (-sse), e o Futuro do Subjuntivo (- r). No caso dos verbos irregulares, em geral, o Pretérito Perfeito do indicativo altera sua raiz e essa irregularidade se estende aos tempos derivados. Assim, se disserem: “Ela não está, quando ela vir, digo que você quer falar-lhe”, ou, ainda, “o árbitro interviu durante o jogo, porque um dos jogadores se machucou”, como saber se essas frases estão certas?
É só lembrar-se do Pretérito Perfeito do Indicativo: eu vim, tu vieste, ele veio, nós viemos, vós viestes, eles vieram. Então, eu viera, se eu viesse, quando eu vier. “Ela não está, quando ela vier, digo-lhe…” “O árbitro interveio durante o jogo…”
Acompanhando essa lógica, tem-se: querer – eu quis, tu quiseste, ele quis, nós quisemos, vós quisestes, eles quiseram. Daí seguem: eu quisera, tu quiseras, ele quisera, nós quiséramos, vós quiséreis, eles quiseram.
Saber, no Pretérito Perfeito do Indicativo conjuga-se: eu soube, tu soubeste, ele soube, nós soubemos, vós soubestes, eles souberam. E os derivados serão: eu soubera, se eu soubesse, quando eu souber.
Então, como se vê, no Futuro do Subjuntivo, segue-se a raiz do Passado Perfeito do Indicativo: Se você vir (não, ver) minha colega, convide-a para a festa. Se ele quiser viajar… (não, se ele querer). Se ele puder nos ajudar (e não, se ele poder…). Se ela manter o pedido, teremos boas vendas (O certo seria: se ela mantiver o pedido…). Se ela fazer o sinal, é porque está na hora (O correto seria: se ela fizer o sinal). Se o pacote não caber na caixa… (se não couber). Esse é o tempo do verbo que mais se ouve de forma incorreta, mesmo em meios mais cultos, com base na raiz do verbo no infinitivo, isto é, no nome do verbo. Quem já não ouviu dizer:
. O policial deteu o bandido.
. Ele reveu a prova.
. Quando ele reaver seu carro…
. Os guardas interviram na discussão.
. Quando fazer as malas…
. Quando dizerem o que sabem…
O infinitivo poderia ser usado, corretamente, em formas com as que seguem:
. Ao deter a multidão, não usei violência.
. Ao saber do ocorrido, perdoei-o.
. Ao dizer a palavra mágica, tudo deu certo.
Deter, conter, reter, suster, manter, são provenientes de ter: detive, contive, retive, sustive, contive, mantive.
Compor, repor, dispor, transpor, supor conjugam-se como pôr: compus, repus, dispus, transpus, supus.
*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), membro da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua e Literatura nos cursos de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.
Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br
Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 2 de outubro de 2009, do Jornal Caiçara.
por: UNIUV
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