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ARTIGO – Um currículo da língua portuguesa
· Saber que gêneros se aplicam a cada situação, a cada veículo, conforme sua finalidade (e-mail, memorando, requerimento, relatório,…); ter vocabulário adequado (nas suas diferentes nuances semânticas) para expressar a realidade concreta ou abstrata (diferenciar, por exemplo, belo de maravilhoso);
· Compreender textos de diferentes graus de complexidade, indo além dos conceitos classificatórios: entender leis ou entender poemas, textos científicos, textos figurados e textos sem imagens ou fantasia;
· Tirar inferências lógicas do que é dito ou lido; distinguir fato de opinião, ao ler uma notícia. Ter a percepção da estrutura lógica (causa e consequência, condição, etc.) que sustenta a coerência das ideias, da relação entre os parágrafos, identificar a presença dos tópicos frasais, afinal, de que ali nada é supérfluo;
· Interpretar o verbal (palavras) e o não verbal (imagens, símbolos, gráficos, fotos, charges, tiras…);
Entender o papel semântico dos nexos, ligadores, conectores (preposições, conjunções), sua força argumentativa;
· Identificar repetições ou substituições de termos em um texto, que lhe conferem a continuidade e a coesão gramatical (anafóricos), captando o campo semântico do texto que permite chegar a conclusões ou inferências, e as diferentes estratégias para evitar a monotonia da repetição desnecessária;
· Ter noção dos efeitos de sentido provenientes do uso de pontuação ou de períodos curtos (simples) ou mais longos (compostos), da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos e de outras notações;
· Quem conhece os bastidores da língua para interpretá-la tem também seu domínio para empregá-la com critério. E esse conhecimento, naturalmente, pode ser sempre mais aperfeiçoado, pela leitura e discussão (análise) de textos de todos os gêneros e estilos, escritos com objetivos diversos, e pela prática de produção textual;
· Escrever textos científicos, textos da legislação, textos poéticos (prosa ou ficção), textos publicitários ou jornalísticos exige diferentes competências e habilidades e, o mais difícil, desemaranhar a complexidade da realidade (leitura do mundo, o grande texto não verbal), para que seu entendimento ou comentário possa ser repassado, de forma compreensível e agradável;
· Quando se estuda a Língua Materna, durante tantos anos na escola, imagina-se que ela seja difícil demais, no entanto, ela é como a nossa vida, recursiva (repete-se, mas sempre de forma diferente), a cada novo emprego. Isto é, cada dia, apesar das rotinas, vive-se o novo, que pode ser analisado sob diferentes ângulos, em seu sentido e modos de se apresentar;
A gramática estuda a língua por partes; morfologia (palavras e suas flexões); sintaxe (arranjo frasal), semântica (sentidos e efeitos de sentido) e estilo (modos peculiares ou coletivos de expressão), apenas para entendê-la melhor, porque o texto engloba o todo interativo desses elementos, a que o contexto aplica maior significado.
* Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), membro da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua e Literatura nos cursos de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv. Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br
Este texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 22 de fevereiro de 2010, do Jornal Caiçara.
por: UNIUV
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