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ARTIGO – Despertar talentos poéticos



O professor, desde as séries iniciais, pode criar o gosto pela poesia, isto é, pela beleza, seja no mundo que nos rodeia, seja nas artes plásticas, teatro, música, cinema, literatura, dança.



O emocionante, o belo, o que nos enleva interiormente é o poético, que, na literatura, encontra-se intensamente nos poemas.



Elias José, professor mineiro, com experiência em oficinas de literatura, dá seus conselhos para despertar o gosto pelo belo, em especial, o realizado com palavras, com a obra A poesia pede passagem (Editora Paulus, 2003).



Ensina nesse guia didático, a ver o mundo com o coração, com a fantasia, com leveza, e a brincar com as palavras. Sempre embasa os trabalhos de produção, sensibilizando o aluno, fazendo-o captar algo de diferente, com atenção e emoção, e ler algum poema de autor que trate da realidade e que escreva bem.



Aconselha, às vezes, a substituir termos em um poema, alterando-o com sutilezas preciosas, percebidas pelo aprendiz. Outras vezes, trabalha com palavras, tirando umas de dentro de outras, antes de redigir o poema. Esse é o espírito lúdico, de um espírito aberto, que começa a brincar com as palavras, tocando-as com a lira de seus sentimentos, criando um clima surreal, fantástico, criativo, sem o senso crítico rigoroso da lógica.



Roseane Murray aconselha a fazer do olhar uma “imensa caravela”, para sentir a poesia do mundo. Imaginemo-nos caravelas levadas suavemente sobre as águas, pela brisa suave, um horizonte amplo… É de Roseane Murray a Receita de olhar: “Nas primeiras horas da manhã/ desamarre o olhar/ deixe que se derrame/ sobre todas as coisas belas/ o mundo é sempre novo/ e a terra dança e acorda […]”.



Elias indica a leitura de Pela janela, de Ricardo de Azevedo: “Lá do alto da janela/ vejo a vida e vejo a luz.” Pede que os estudantes dialoguem com os colegas, façam listas de coisas belas que veem, mas antes leiam o poema Tem tudo a ver, de sua autoria. “A poesia / tem tudo a ver/ com tuas dores e alegrias/ com as cores, as formas, os cheiros,/ os sabores e a música/ do mundo.”



Além de trabalhar essa sensibilização para a beleza literária, é possível ir mostrando os recursos sonoros, os ritmos, as imagens, os duplos sentidos. Isso ainda não é ser escritor, nem esses textos precisam ser publicados. São iniciações às artes, despertar de talentos especiais, de afinidades que poderão, com muito esmero, chegar a ser uma obra de escritor, publicável, harmoniosa e madura. “Os poetas precisam de tempo, vivências e muita leitura para amadurecer seu talento”, afirma. E tem razão. No início a criança pensa que basta rimar para ser um bom poema, aos poucos nota que precisa de algo mais, que precisa tirar os pés do chão, para voar e segurar o lírico, o estético, o lúdico da existência. È uma caminhada de aperfeiçoamento de um forte apelo interior. É algo que satisfaz muito, parte de sua realização pessoal. A arte, como a fé, preenche os vazios do homem. Tiram-no da rotina, transportam-no para outros mundos, não menos reais, despertam valores adormecidos.



Brincar de ler e de escrever poemas tem a mágica de recreação, e o professor é o mediador nessa brincadeira. Para a criança, brincar com palavras é “como brincar com bola, pião, papagaio”, define José Paulo Paes.



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), membro da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.



Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br



Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 9 de outubro de 2009, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV

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