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ARTIGO – Mudanças Ortográficas
O Acordo Ortográfico vem sendo estudado há 18 anos e, agora, o Brasil tem pressa em colocá-lo em prática, já a partir de 2009. De início, será aplicada aos documentos do governo, porque nas escolas haverá um período de transição, até 2011, quando novos livros didáticos serão editados e distribuídos aos estudantes. Mas, a partir de 2009, os professores já começarão a ensinar as alterações da ortografia, e as editoras, provavelmente, farão anexos com essas normas, a serem acrescentados aos livros utilizados, hoje, em salas de aula de escolas públicas.
Três dos oito países de Língua Portuguesa já endossaram as regras gramaticais propostas em 1990 – Brasil, Cabo Verde São Tomé e Príncipe. Os demais são Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste. Portugal pediu seis anos, para iniciar a adequação da nova ortografia. Mas, conforme o combinado entre os países, a nova ortografia entraria em vigor, desde que três dos países houvessem assinado o acordo, o que já ocorreu.
Essa mudança tornará mais fácil a divulgação do idioma, a realização de eventos internacionais, o exame de certificados estrangeiros e ampliará o mercado para os livros de autores brasileiros.
No Brasil as mudanças serão pequenas, apenas 0,45% das palavras terão sua escrita alterada, e são mudanças mínimas, de fácil memorização. A única dificuldade, talvez, será a do uso do hífen, que atualmente já é complexo, e não terá mudanças radicais. Mas, para a eliminação de dúvidas haverá um documento, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, cuja elaboração ficará a cargo do lexicógrafo, Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras. Todas as questões serão analisadas por ele, que prevê, no caso do hífen, muitas discussões.
As principais alterações podem ser assim resumidas:
• A inclusão das letras k, w, y, a serem utilizadas em nomes estrangeiros.
• Os hiatos ôo e êe, que eram acentuados, deixarão de sê-lo. Ex: vôo, crêem.
• Deixará de haver o trema em güe, güi, qüe, qüi. Ex.: qüinqüênio, agüente.
• O acento diferencial de pára (verbo) e para (preposição), entre outros, desaparecerá.
• Não serão mais acentuados os ditongos abertos éu, éi, ói tônicos. Ex.: chapeu, lençois, coroneis.
• Em Portugal desaparecem letras não pronunciadas, como em actividades, baptismo. Também haverá perda do h em herva e húmido, por exemplo.
• Para nós, haverá a inclusão de um acento diferencial entre passado e presente existente em Portugal como: amámos (passado) e amamos (presente); louvámos (passado) e louvamos (presente). A pronúncia, no entanto continuará a mesma.
• O u e o i tônicos como em Itajaí e Grajaú não terão mais esse acento gráfico.
• Haverá aqueles casos em que Portugal e Brasil manterão sua escrita. Assim: fenômeno e fenómeno; tênis e ténis (são casos do acento tônico antes de fonemas nasais).
O importante é lembrar que todas essas alterações atingem apenas a escrita, pois a língua em nada será afetada. Basta lembrar que em Língua Inglesa não há acentos gráficos nem hífen. E ninguém vai falar ou compreender diferente por esse motivo.
A escrita é um código secundário, a ser aprendido, pois as letras não se parecem com os sons. E como a nossa ortografia continuará sendo de base etimológica (levando em conta a origem das palavras), a dificuldade de aprendizagem continuará a existir. Só se a ortografia passasse a ser de base fonológica (havendo para cada som distintivo uma só letra), realmente haveria uma simplificação para o aprendiz. Mas não é o caso.
Trata-se da aproximação dos países de Língua Portuguesa. Esse Acordo de 1990, aprovado no Congresso em 1995, espera apenas um decreto do Presidente Luiz Inácio da Silva.
*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.
Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br
Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa nº. 2.003, e na edição on-line nº. 503 do Jornal Caiçara, de 11 de julho de 2008.
por: UNIUV
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