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ARTIGO – Os Acordos Ortográficos

No começo a escrita era feita sem preocupação, conforme se falava (até o século XVI). Depois disso veio a escrita de base etimológica, conforme as raízes das palavras fossem gregas, latinas ou de outras origens.

No Brasil, em 1907, a Academia Brasileira de Letras começa um processo de simplificação da escrita, pois havia muitas letras duplicadas. Portugal também (1910) criou uma versão mais simples de escrita, para facilitar o ensino e publicações oficiais.

Em 1915, Brasil e Portugal tentam unificar o sistema de escrita, mas essa tentativa é revogada pela Academia Brasileira de Letras, em 1919.

Daí em diante, os dois têm, em várias ocasiões, procurado aproximação ortográfica, através do tempo, conduzindo uma discussão permanente, quase secular, com alguns avanços.

Em 1924, os dois países iniciam novos estudos visando a uma grafia comum. Em 1929, a Academia Brasileira de Letras lança seu novo sistema ortográfico. E em 1931 é aprovado o primeiro acordo entre os dois países de língua portuguesa. Essa resolução foi revogada pela Constituição de 1934, que volta à grafia de 1891, mas perante protestos de pessoas de elevado nível cultural, profissionais de todas as áreas, e da própria Academia Brasileira de Letras, passou a vigorar o acordo de 1931.

Portugal lança, em 1940, um vocabulário ortográfico para seu país. E o Brasil, em 1943, lança o seu e fez um acordo em que se unificam os vocabulários ortográficos de Portugal (40) e Brasil (43). Muito tempo depois, em 1971, o Brasil altera sua ortografia, especialmente retirando acento que diferenciava palavras fechadas das semelhantes aberta, como govêrno (substantivo) e governo (verbo), bem como retirando o acento das subtônicas como em sozinho, sòmente e cafèzal. Dois anos a seguir, Portugal, com base nos ajustes realizados pelo Brasil, também faz suas simplificações. Tentam fazer um acordo oficial, cujos esforços malograram.

O atual acordo começa no tempo do Presidente Sarney, com uma reunião de países de língua portuguesa, no Rio de Janeiro. Isso foi em 1986, e a proposta de modificações ortográficas foi posteriormente rejeitada. Em 1990 Portugal tenta mais uma vez o acordo entre os países lusófonos. Aos poucos os países foram aderindo. Após quase 20 nos, é esse tratado que está sendo confirmado entre os países. E como já conta com o número suficiente de endossantes, foram estabelecidos, em 2008, os prazos para que seja posto em prática de forma obrigatória. Para o Brasil, até o final de 2012.

Assim mesmo, há os que não gostam do acordo, tanto em Portugal quanto no Brasil. Alguns portugueses consideram que o novo acordo favorece o campo editorial brasileiro.

Resta-nos aprender e ensinar a nova ortografia, e fazer pesquisas históricas sobre essas mudanças através dos tempos ou sobre a importância desse acordo na ampliação dos intercâmbios entre os países da língua portuguesa. Ou ainda sobre sua expansão no mundo, como segunda língua.

Concluindo, a língua é resultado de trabalho social, ela está sempre se modificando e está na mente dos falantes. Ela é o elemento-chave da cultura e da identidade pessoal e nacional. Mas a escrita é um segundo código, que pode ser alterado, à medida que seja conveniente para seus usuários. Quem sabe, a partir dessa unificação, a língua portuguesa passe a envolver cooperação em outras áreas de interesses comuns a esses países.

*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail
prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa nº. 2.030, e na edição on-line nº. 530 do Jornal Caiçara, de 20 de fevereiro de 2009.

por: UNIUV

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