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José Pedro Ramos
Em certas ordens religiosas católicas, os monges, ao se encontrarem nos corredores do mosteiro, costumam dizer uns aos outros: “Memento mori”, expressão latina que significa “lembre-se de que vai morrer”. A saudação – que é o contraponto de “Carpe diem” (“aproveite o dia”) – funciona como um exercício de aceitação da morte. A boa morte é decorrência de uma boa vida.
Viver a vida e vivê-la em plenitude é o grande objetivo de todos aqueles que creem. E nosso amigo José Pedro viveu assim, mergulhado na fé, e nos últimos tempos que compartilhou conosco, deu sua última aula, como professor que sempre foi, ensinou a maravilhosa lição de sua vida, com força, determinação e muita fé, jamais esmoreceu, ou reclamou de sua doença, muito pelo contrário, sempre acreditou na sua melhora, tanto que prolongou sua vida além das expectativas médicas, deixando-nos um legado inesquecível.
José Pedro Ramos, Zé para os amigos, ou ainda carinhosamente, Zezinho, escreveu a história da sua vida com dignidade e muito amor. Foram 60 anos de muitas realizações, nascido em uma família humilde e numerosa, de 11 irmãos, dos quais 9 sofrem hoje a sua perda. Foram inúmeras as vezes que nos contou sobre as travessuras de criança, da vida humilde, mas do grande amor que sempre os uniu, e parecia o molequinho “TINDO”, como era chamado, revivendo cada uma daquelas aventuras, rindo largamente e saboreando novamente cada fato.
Tindo cresceu, estudou, e sempre foi bom aluno, orgulhou-se como Técnico em Contabilidade, e mais ainda quando se formou na primeira turma do curso de Administração da FACE, em 1979. Não parou por aí, continuou sempre estudando e chegou a Mestre em Economia Industrial, pela UFSC. Também como profissional, sempre foi extremamente correto e dedicado, teve seu próprio escritório de contabilidade, trabalhou nos Supermercados Passos, fez concurso para Receita Estadual de Santa Catarina, onde se aposentou e, simultaneamente, foi professor na Face, hoje UNIUV, onde foi vice-diretor por dois mandatos e vice-reitor, cargo que ainda ocupava, por duas vezes também.
É difícil dissociar a história da FACE/UNIUV e a do Zé Pedro. Impossível escrevê-las sem misturá-las, e eu, como vários dos nossos colegas, que convivíamos diariamente com ele, podemos testemunhar, pois tivemos o privilégio de ver quantos amigos ele conquistou, e que inimigos nunca fez. Era nosso ponto de equilíbrio, sempre buscando o melhor de cada um, sempre acreditando na bondade humana. Jamais alterava a voz, sempre pacificando, sempre mediando, sempre sorrindo, fazendo parte da solução, nunca do problema. Inúmeras são nossas lembranças, inclusive do nosso Zezinho cantor, que adorava as Emoções de Roberto Carlos, ou ainda em francês “Ne me quitte pas”.
Se indagados, cada um dos colegas, uma bela história terá para contar dos momentos que vivenciaram. Tanto é verdade, que de seus trabalhos anteriores, vários amigos se fazem presentes, alguns inclusive vindos de longas distâncias, para trazer-lhe o abraço derradeiro e a lágrima da saudade.
De seus exitosos feitos profissionais poderia narrar horas a fio, pois tive a felicidade de compartilhar: Zé Pedro foi meu professor, meu colega, meu chefe, mas, acima de tudo, meu amigo muito querido.
Mas seu maior legado, sem dúvida alguma, é sua linda família, à qual sempre se referia cheio de orgulho e carinho. Arlene, sua amada esposa, companheira, amiga, que o acompanhou a vida toda, com quem dividiu tudo, sucesso, preocupações, alegrias, dúvidas, e que o amparou de corpo e alma durante a doença que o levou. Que lhe presenteou os lindos filhos que tanto amava, e que o enchiam de felicidade: Maria Gabriela, advogada, e seu genro Alex, que lhe deram as lindas netas, Natali e Sofia, de quem “babava” contando as peripécias. Ana Amélia, formada em Psicologia, e João Paulo, em Educação Física, já encaminhados, como dizia, davam-lhe a tranquilidade do dever cumprido. Há ainda a pequena e linda Camile, que lhe preencheu os dias com novidades e alegrias. Uma família rica de amor, que teve um grande pai e esposo, que dedicou sua vida a fazer o bem, a semear a paz, a construir o melhor.
Costuma-se dizer que ninguém é insubstituível, mas eu ouso dizer e sei que muitos concordarão: José Pedro, para nós todos que o amamos, será insubstituível.
Nossas lágrimas são apenas a maneira mais simples de nosso coração revelar a saudade que estamos sentindo.
Resta-nos apenas a certeza de que, quando chegar a nossa vez, José estará nos esperando com um sorriso, e até então, será nossa estrela mais brilhante, iluminando nossos caminhos, será nosso embaixador junto ao Senhor Deus, pois sabemos que está com Ele. “Siga em Paz amigo, e como você mesmo sempre dizia: cada um colhe apenas o que plantou, e a sua colheita será maravilhosa”. Paz e Luz.
por: Lúcio Passos
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