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Inicial 9 Notícia 9 “Rir é sempre o melhor remédio”? Será?

“Rir é sempre o melhor remédio”? Será?


 


Quem já não participou de uma reunião festiva em uma casa de família, em que o marido ou a mulher começa a dizer coisas que parecem engraçadas, mas que magoam ou constrangem o outro? Diz o marido sorridente: “Agora me digam: essa minha fofucha não deveria fazer uma dieta? Outras vezes é ela quem alfineta o esposo: “ Você poderia, ao menos hoje, para mostrar aos amigos que você me ajuda, tirar a carne do forninho?“Depois, voltando-se aos convidados: “É sempre assim, tudo eu. É um  mala.“


 Certa ocasião, entre colegas de trabalho, um dos presentes, entusiasmado, diz: “Isso é que é mulher, não é aquele bagulho que eu tenho lá em casa!” A bela sentiu-se bem,  e eu, até hoje me sinto mal, pensando na esposa dele, e  em todas as colegas, naquele momento,  ofuscadas pela  infeliz comparação.


No trabalho em fábricas  também é comum ouvirmos colegas trocando indiretas, apelidos meio ridículos, ou fazendo insinuações que parecem inofensivas, mas não o são.  Um é  o Banha; outro, o Banguela; outro,  o Esqueleto;  e por aí vai. 


Na escola os pequenos aplicam o que aprenderam em casa, ou que aprenderam com os colegas, que aprenderam com seus amigos… E a bola segue passando de um a outro alvo, deixando marcas doloridas.


Por tudo isso, um artista, Beto Morbek, ex-vítima de “bullying”, conforme  conta, está visitando as escolas de Ensino Fundamental e Médio do Estado do Paraná, apresentando-se com um “stand up”, obra de arte dramática, para mostrar como essa atitude corrosiva  e desrespeitosa  atinge a dignidade do ser humano.


Esse modo de se relacionar  vem sendo estudado por psicólogos, que veem  nele um desvio de comportamento de quem o pratica, que provoca sequelas psíquicas fortes, na vida das vítimas. A ironia parece ter um matiz de “bullying”, pois em geral atinge o ponto fraco da pessoa, com a vantagem de dizer que não disse, negando o dito. É cruel a ironia.


Dessa forma, percebemos o mal sendo instilado, aos poucos, na vida do outro, aliado a um prazer sádico, visto ser praticado com plateia, ou em grupo.


Por isso,  quando se veem adolescentes e jovens, sisudos, entristecidos,  revoltados, sem a alegria espontânea e confiante, própria da idade, não se imagina que nuvens escuras povoam seu espírito. Se  foi chamado de “tucano, elefante, girafa”, ou algo pior, sua autoimagem está abatida. E aquele que passou, ceifando sua alegria de viver, segue viagem, sem tomar consciência de que agiu mal, e de que é preciso gostar das pessoas como elas são, vendo o que há de melhor nelas. Por que não se põem apelidos elogiosos, que joguem  o outro para o alto, para o bem-estar, para a felicidade?

por: UNIUV

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