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Rir é sempre o melhor remédio? Será?
Quem já não participou de uma reunião festiva em uma casa de família, em que o marido ou a mulher começa a dizer coisas que parecem engraçadas, mas que magoam ou constrangem o outro? Diz o marido sorridente: “Agora me digam: essa minha fofucha não deveria fazer uma dieta? Outras vezes é ela quem alfineta o esposo: “ Você poderia, ao menos hoje, para mostrar aos amigos que você me ajuda, tirar a carne do forninho?“Depois, voltando-se aos convidados: “É sempre assim, tudo eu. É um mala.“
Certa ocasião, entre colegas de trabalho, um dos presentes, entusiasmado, diz: “Isso é que é mulher, não é aquele bagulho que eu tenho lá em casa!” A bela sentiu-se bem, e eu, até hoje me sinto mal, pensando na esposa dele, e em todas as colegas, naquele momento, ofuscadas pela infeliz comparação.
No trabalho em fábricas também é comum ouvirmos colegas trocando indiretas, apelidos meio ridículos, ou fazendo insinuações que parecem inofensivas, mas não o são. Um é o Banha; outro, o Banguela; outro, o Esqueleto; e por aí vai.
Na escola os pequenos aplicam o que aprenderam em casa, ou que aprenderam com os colegas, que aprenderam com seus amigos… E a bola segue passando de um a outro alvo, deixando marcas doloridas.
Por tudo isso, um artista, Beto Morbek, ex-vítima de “bullying”, conforme conta, está visitando as escolas de Ensino Fundamental e Médio do Estado do Paraná, apresentando-se com um “stand up”, obra de arte dramática, para mostrar como essa atitude corrosiva e desrespeitosa atinge a dignidade do ser humano.
Esse modo de se relacionar vem sendo estudado por psicólogos, que veem nele um desvio de comportamento de quem o pratica, que provoca sequelas psíquicas fortes, na vida das vítimas. A ironia parece ter um matiz de “bullying”, pois em geral atinge o ponto fraco da pessoa, com a vantagem de dizer que não disse, negando o dito. É cruel a ironia.
Dessa forma, percebemos o mal sendo instilado, aos poucos, na vida do outro, aliado a um prazer sádico, visto ser praticado com plateia, ou em grupo.
Por isso, quando se veem adolescentes e jovens, sisudos, entristecidos, revoltados, sem a alegria espontânea e confiante, própria da idade, não se imagina que nuvens escuras povoam seu espírito. Se foi chamado de “tucano, elefante, girafa”, ou algo pior, sua autoimagem está abatida. E aquele que passou, ceifando sua alegria de viver, segue viagem, sem tomar consciência de que agiu mal, e de que é preciso gostar das pessoas como elas são, vendo o que há de melhor nelas. Por que não se põem apelidos elogiosos, que joguem o outro para o alto, para o bem-estar, para a felicidade?
por: UNIUV
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