Autores como Maturana, Assmann, Freire, Levy e Morin inspiraram Maria Cândida Moraes e Saturnino de la Torre a repensarem a educação escolar, tendo como intenção primeira reencantá-la.

Apresentam, no início da obra, um diálogo entre o pensar e o sentir, semelhante ao apólogo da Agulha e da Linha, de Machado de Assis, mas com um final diferente: os dois percebem que estão intimamente unidos, tanto quanto o hidrogênio e o oxigênio que formam a água, capaz de saciar a sede (quando juntos) e de dar mais vida à natureza.  

Visão holística, incluindo os conhecimentos da biologia, da química e da física, da antropologia, do relacionamento humano, de forma integrada, os autores colocam o aprendizado ( e não o ensino ) como centro do relacionamento do professor com o aluno, e a vida como conteúdo fundamental.

O aluno há de ser o artífice de seu aprendizado e, para tanto, o currículo precisa ser interativo, “vivo”, flexível, aberto, sempre em processo, procurando explorar o desconhecido, indo mais além da pura transmissão de conhecimentos.

As estratégias devem estimular desafios e vivências que promovam desenvolvimento da autonomia, corresponsabilidade, criatividade, cooperação e solidariedade, atitudes necessárias à criação de um clima emocional compatível com a metodologia.

Conhecer não é apenas operação mental, é uma ativação do pensamento, raciocínios que têm por base as emoções e sentimentos vividos em determinadas circunstâncias.

A autoavaliação é importante no processo auto-organizacional, contínua no tempo, valorizando cada etapa.

Reconhecer a complexidade da vida no interior de cada um, valorizá-la um pouco mais e, assim, sonhando e agindo, unindo teoria e prática, com vista a um mundo melhor, mais humano (inclusivo, sem preconceitos, saudável), solidário e fraterno.

A obra inclui poemas inspiradores desse modo de viver e aprender, dos próprios autores, sugestão de letras de música, e um texto de Goethe, muito interessante:

Maria Cândida de Moraes é doutora em Educação pela PUC/SP, e Saturnino de la Torre é um catedrático de Didática e Inovação da Universidade de Barcelona. A obra Sentipensar: Fundamentos e Estratégias para reencantar a educação é da Editora Vozes (2004). É indicada a professores de todos os níveis de ensino e a todas as pessoas que têm por missão criar um modo novo de pensar e agir, segundo a complexidade individual e social e as circunstâncias em que vivem.

*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), membro da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Este texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 29 de janeiro de 2010, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV