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ARTIGO – Abrigo Santa Clara
O espírito de uma jovem maranhense, chamada Raimunda, iluminou-se e fê-la entusiasmar mais algumas pelo mesmo ideal, e vieram até a Diocese de União da Vitória propor a fundação de uma nova congregação – Irmãs Franciscanas Servas Missionárias da Restauração Divina. Na época, Dom Walter Ebejer acatou-as de bom grado e as laboriosas Irmãs começaram a dar forma a seu sonho.
Um terreno aprazível, bem em frente ao Baú Clube de Campo, foi o primeiro presente que receberam. Nele havia uma casa pequena de madeira. Depois ganharam a madeira de outra casa, para ampliar a anterior. A missão não podia esperar, e, mesmo precariamente, as Irmãs acolheram as primeiras senhoras que apareceram no abrigo, pedindo alívio para seu espírito atormentado (esquizofrenia).
Felizes por darem início a seu projeto, as Irmãs passaram a dormir no chão, em uma salinha estreita, enquanto as pacientes ocupavam os quartos. Com a ampliação da casa apareceram mais quartos e mais pessoas pedindo abrigo. Não faltaram pessoas generosas que contribuíssem para a construção do que seria o convento das irmãs. Seria, não fosse tão grande a procura por atendimento. Essa casa também foi repartida entre as pacientes e as Irmãs.
As Irmãs vieram de mãos vazias? Não, cheias de disponibilidade e, com sacrifício e muito bom senso, vão organizando o ambiente, sempre na dependência de uma comunidade colaboradora .
Está em edificação a casa do Abrigo das Internas, que terá lugar para 38 mulheres doentes. Daí o Convento das Irmãs lhes será restituído. Está em construção um abrigo definitivo, para 38 pacientes. Lá, sim, elas terão um bom espaço, móveis adequados, etc. O andar térreo está quase pronto e o piso superior começado, aguardando mais gestos de compromisso social e cristão.
Naquele espaço, atualmente, 22 mulheres doentinhas dormem, recebem medicamentos, descansam, estudam, realizam pequenas tarefas, rezam. Tudo em paz, observando uma rotina, sem pressa nem sobressaltos. A certeza de serem amadas contribui para seu conforto.
No Oratório pequenino e bem cuidado fazem suas orações.
Cuidar das galinhas, da pequena horta, ajudar na lavação de roupa, na arrumação da lenha, são atividades que lhes dão bem-estar, junto à natureza, sem sofisticação. Não reclamam da pobreza, nem exigem nada material, o que elas precisam é de um lar e muito cuidado, por causa do cristal de sua identidade, quase trincado.
Mas no Santa Clara tudo é por ora provisório, as coisas ainda não acharam seu lugar, os colchões das camas estão abaulados, as cobertas, limpinhas, mas desbotadas. Vários eletrodomésticos observam o cenário, do alto dos móveis, ou de um canto qualquer.
Quem puder visitar esse recanto leve algo: um sorriso, uma flor, algum bem, fruto da sua compreensão de que essas pacientes também são um pouco nossas. Às Irmãs, nossa gratidão por investirem todo seu viver em nosso meio.
*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.
Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br
Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa nº. 2.005, e na edição on-line nº. 505 do Jornal Caiçara, de 25 de julho de 2008.
Foto: Lúcio Passos
por: UNIUV
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