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ARTIGO – Conversa ao telefone

 

_ Tudo bem?

_ Tudo.

_ D. Maria está, ou ainda não chegou?

_ Ainda não chegou, mas quando ela vir, digo-lhe que você quer falar com ela.

_ Obrigada.



Os verbos ver e vir, no futuro subjuntivo (hipótese), muitas vezes, induzem a erro.

No diálogo acima, foi mal empregado, deveria ser: …quando ela vier… Vir é futuro do subjuntivo do verbo ver. Ex.: Quando eu vir o diretor, direi a ele que você volta amanhã. Se virmos os colegas, combinaremos a reunião.

Seria erro dizer: Se vermos os colegas; quando eu ver o diretor.

Como o verbo ver, conjugam-se rever, prever, antever, entrever. Ex.: Se eu revir, se nós previrmos, se eles entrevirem.

O modelo de vir, cujo futuro do subjuntivo é vier, é acompanhado pelos derivados convir, advir, intervir, provir, sobrevir. Quando ele vier, se convier, quando você intervier, se provier.

Também no passado, como eu vim, tu vieste, ele veio, devemos dizer: convim, convieste, conveio; intervim, intervieste, interveio (e nunca interviu, conviu).

Há muita confusão entre os usuários dos verbos ver e vir. Para lembrar melhor, é preciso ligar-se ao passado perfeito, de cuja raiz derivam os tempos do subjuntivo e o mais-que-perfeito do indicativo.

Verbo vir

Ex.: Vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram. O mais-que-perfeito será viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram. Imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem. Futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem.

Verbo ver:

Pretérito Perfeito: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram.

Mais-que-perfeito: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram.

Imperfeito do Subjuntivo: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem.

Futuro do Subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.

Assim, são corretas as frases:

Sobrevieram as enchentes. Se o presidente interviesse, os funcionários acatariam a orientação. Faremos o negócio, se nos convier e, se seu pai intervier positivamente.

E uma lição de Camões:

“E em quem virdes falsas esperanças

Do Amor e da Fortuna, cujos danos

Alguns terão por bem-aventuranças,



Dizei-lhe que os ser vistes muitos anos,

E que em Fortuna tudo são mudanças,

E que em Amor não há senão enganos.”



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 3 de julho de 2009, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV

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