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ARTIGO – Num mundo de relações, um exercício de humildade



É muito interessante formar grupos de estudos afins e interdisciplinares, na certeza de que é possível melhorar a qualidade de nossas práticas profissionais. Mais interessante ainda é realizar trabalhos conjuntos.

Não apenas para jovens acadêmicos, mas para profissionais de qualquer idade, encontros de estudo e/ou de trabalhos planejados em equipes produzem a contínua melhoria da cada um e do todo.

Vivemos num período de elevado grau de individualismo, mas reconhecemos, paradoxalmente, a insignificância do trabalho isolado, por excelente que seja. É o todo que produz mudanças, resultado de esforço coletivo, com metas bem focadas.

O indivíduo sozinho, dedicado e perseverante pode realizar algo muito bom. Mas se for capaz de liderar uma equipe, produzirá uma energia diferente, que vai impulsionar a todos para agir naquela direção. E terá tempo para apreciar o resultado de seu trabalho, pois o grupo analisa vários aspectos e, cada um, colabora para o aperfeiçoamento das idéias e das ações desencadeadas.

Quem já não ouviu falar da Clínica de Mayo? Dois irmãos recém-formados em  medicina, cada um especializou-se em um tipo de cirurgia. Foram convidados para trabalhar num hospital novo na sua cidade, Rochester. E eles se alternavam pra fazer cursos de especialização, para “tirarem a poeira do cérebro”, como diziam. Queriam aprender novas técnicas. Também foram inventando  e aperfeiçoando seus equipamentos. Logo, eram capazes de fazer outras cirurgias, além das que faziam no início. Por fim, formaram um grupo, o Clube dos Cirurgiões. Os médicos iam a Rochester para assistir às operações que eles realizavam e eles foram-se tornando médicos influentes. Inovaram, criando o método de consulta conjunta sobre os pacientes, trocando idéias, para cooperativamente agirem com mais eficácia. Assim criaram um dos centros médicos mais respeitados na época.

Quanto é diferente essa atitude, se comparada à mera concorrência, na disputa pela fama individual ou pelo enriquecimento particular. Ou, o comportamento daqueles que buscam todas as oportunidades de aperfeiçoamento pessoal, recebem conhecimento de outras pessoas, mas, na hora da prática, atuam isoladamente, numa certa relação solitária com o mundo.

Não é diferente o que pode ocorrer nas empresas ou em qualquer instituição em que as pessoas se disponham, sinceramente, a um crescimento compartilhado, sabendo que até seu trabalho, que já é bom, será melhor, se todos trabalharem em sintonia.

Daí que é preciso ser humilde para reconhecer que unidos somos mais capazes de grandes realizações, de vencermos desafios, e de crescermos individualmente. Como diz o antropólogo francês, Marc Augé, “o social e o individual são como a sombra um do outro”. O individual e o social se cruzam, de forma que não se pode pensar em um, sem lembrar-se das relações com os outros. É por isso que hoje são tão valorizados o trabalho em equipe e os grupos de estudos, a descentralização do poder, e o papel do líder competente e engajado, comprometido com seu grupo e com a empresa. Mas, por esse mesmo motivo, é valorizado o reconhecimento dos méritos individuais dos que aceitam a liderança, de forma ativa e responsável. O equilíbrio entre o eu e o nós é que nos completa.



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa nº. 2.013, e na edição on-line nº. 513 do Jornal Caiçara, de 19 de setembro de 2008.

por: UNIUV

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