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ARTIGO – Os nossos japoneses
Por ocasião das entrevistas com os filhos de japoneses de nossas cidades, pude sentir melhor seu modo de ser, sua visão de mundo e experiência como filhos de imigrantes.
Para começar, no próprio globo terrestre, somos diametralmente opostos. Para falar com Mário Eiri, no Japão, tivemos que nos sintonizar com ele, às 10 horas, quando lá eram 22 horas. Contou-nos quanto são pequenas as residências, o que tornaria possível comparar com o tamanho do Estado do Paraná, com a população do Brasil. “O povo japonês gosta muito de trabalhar, são fanáticos”, observa. Trabalham de 12 a 15 horas diárias, quase não se divertem. Para espairecer, há os parques, onde fazem caminhadas e as crianças brincam. Lá existem prédios inteiros dedicados a jogos eletrônicos, que são uma mania nacional, freqüentados por pessoas de todas as idades, segundo nos conta Catarina Ono, que lá esteve trabalhando por 8 anos, bem como seu marido, Mitsuro Ono, residentes em Paula Freitas.
Catarina trabalhou como enfermeira e Mitsuro em fábricas. O que mais os impressionou foi o excesso de organização. Os alimentos prontos e semiprontos eram fartos e baratos. Mitsuro veio para o Brasil aos 21 anos de idade e Catarina já é nascida em São Paulo. Com o saldo do trabalho no exterior, adquiriram 2 sítios, onde moram e fazem suas plantações. Anteriormente viveram em São Paulo, depois em Calmon-SC, onde plantavam alho. Tivemos ocasião de ver como é feito o furô, um sistema de aquecimento de água para banhos. Fizeram um forno raso, fora de casa, onde colocam fogo e aquecem a água que passa por um cano e volta por outro, para o banheiro, onde há uma banheira feita de tijolos, que usam para banho de imersão, quentinho. Lá no Japão, Catarina conta que há os banhos comunitários, em piscinas quentes, após banhos particulares, de chuveiro.
Catarina lamentou que nunca teve nome: no Brasil é chamada de Japa e, no Japão, de Brasil. “Brasil, vem cá. Brasil, faça aquilo.” Ela se sentia discriminada pelos japoneses. Contou que lá, para um filho de decasseguis tornar-se cidadão japonês é preciso formar-se médico, em universidade japonesa.
Todos os entrevistados demonstraram ser pertencentes a um povo determinado e empreendedor. Começaram ajudando os pais na lavoura; seus pais logo se ocuparam de outros ramos de atividades, como comércio e indústria. No início foi o café, o algodão e o bicho-da-seda. Os filhos fizeram curso médio ou superior, integrando-se perfeitamente à sociedade vigente.
Toshiko Aoki, casada com o Dr. Davi Hissao Aoki, proprietária do Hotel Iguaçu, cedeu-nos vários objetos para a exposição e relatou-nos que cultiva as tradições japonesas em sua casa. Ela pratica a Arte Mahikari, com base em purificação e elevação espiritual, a quem procurar, é um tipo de energização. Foi ela que nos contou que a reverência que os japoneses fazem, quando se saúdam, significa: o Deus que está em mim cumprimenta o Deus que está em você. Como nós cristãos, que cremos que o Espírito Santo habita cada ser humano.
Quase tudo entre os orientais é muito espiritual, hajam vista as ikebanas, que têm a intenção de propiciar serenidade, harmonia, paz, aos ambientes em que as pessoas estiverem. E, com isso, elas estarão mais serenas e harmoniosas também. Os hai-kais, poemas curtos, sem rima, sintonizam natureza e seres humanos.
Bem difundidos entre nós são os mangás e animês, origamis, kirigamis, e sudoku.
Nicolau (Yoshio Kawamura), proprietário da Loja Eve, que trabalhara por 22 anos, nas Lojas Buri, é um exemplo de solicitude e pró-atividade. Pessoa muito ligada à família e que leva muito em conta o que é justo para seus clientes.
Amauri Yamauti, professor de rádio e tevê no Curso de Comunicação Social da Uniuv, é competente e grande colaborador. E a Edna Eiri, digna de todo carinho e gratidão, por tantos anos de dedicação à Uniuv, ao Colégio Técnico e ao desenvolvimento da Tecnologia da Informação em nossa região. Jorge Yabu nos recebeu com pleno acolhimento, contou a história de sua família e de sua vida e nos levou a concluir que também é bastante empreendedor. Sua escola, CDI Informática, e a Academia Acqua Vida são prova disso, entre tantas outras atividades a que se dedicou (livraria, restaurante, locadora…), em Curitiba e aqui. “É sonhador e romântico”, confidencia Sibila, sua esposa.
Leoni Tereza Miyazaki Dal Bó cedeu-nos uma Bandeira do Japão no tempo da 2.ª Guerra Mundial, e mais alguns objetos. Ela tem muitos parentes por lá. Sua filha Tatiana, formada em Secretariado Executivo, trabalha na Pormade.
Edna Satiko, Jorge Yabu, Yoshio, Yamauti, Toshiko, Leoni, Catarina e Mitsuro, uma pequena mostra de nossos japoneses, grande símbolo de fortaleza da civilização oriental, gentilmente partilhada entre nós. A eles e aos demais descendentes nipônicos nossa homenagem e gratidão, neste ano do Centenário de sua Imigração para o Brasil.
por: UNIUV
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