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ARTIGO – Será que entrei na sala errada?

 

Se o estudante aproveitasse o tempo livre com leitura dos bons autores, desde as séries iniciais, estaria estudando de verdade. Porque ir à escola, fazer provas, aprender a manejar instrumentos, mas não desenvolver sua visão de mundo, seu vocabulário, seu manancial criativo, seu conhecimento geral, sua capacidade de concentração e reflexão, é enganar a si mesmo e aos pais de que se está tornando um grande homem.

Se cada pessoa, deve ter suas metas, não é como um passe de mágica que elas serão atingidas. E ninguém passa por osmose sua cultura a outrem. Ela tem que ser conquistada.

O estudo só tem o poder de transformar se for estudo para valer, aquele que dá ao estudante a satisfação pelas experiências de ler, de resolver situações-problema, de trocar informações com os colegas e mestres, de comprar bons livros e de conversar sobre seu conteúdo…

Uma formação contínua e rica forma um estudioso pertinaz e um profissional competente. Mas uma formação superficial exigirá muitos treinamentos posteriores, e o resultado não será surpreendente.

A motivação, a curiosidade, a alegria de viver, de servir, têm de vir de dentro de cada um, à medida que vai percebendo sua evolução na compreensão da vida e dos fatos.

O que perderá aquele adolescente ou jovem que não se apega aos livros, que evita um estudo mais criterioso, que se contenta em ir obtendo a aprovação, mesmo à custa de freqüentes recuperações?

Na verdade já está perdendo, porque, a rigor, não está estudando, está indo à escola. Não é só para ter uma profissão socialmente respeitada que freqüenta a escola, mas para ser um profissional respeitado. E o que está fazendo? Ele quer ser um homem de respeito, quer ser um profissional vencedor, quer melhorar o mundo e ser feliz. Mas está buscando atalhos que o levarão a outro sítio, o dos frustrados, que “riem para não chorar”.

Os realmente grandes homens deixaram seu legado cultural em livros e em obras das quais desfrutamos diariamente. Porém, se não lemos essas obras, passaremos a vida toda tateando, ouvindo palestrantes (esses, sim, estudiosos), buscando frases feitas ou rotinas garantidas de sucesso. É a isso que a jornalista Marleth Silva chama de “a vingança de Machado de Assis”.

É preciso examinar onde falha o raciocínio dedutivo de quem pensa:

. Quem vai à escola aprende.

. Eu vou à escola.

. Logo, eu aprendo.

Se as duas primeiras afirmações estão corretas, por que certas pessoas não aprendem, mesmo quando a escola é particular e das mais conceituadas do país? Qual é o argumento escorregadio?

Creio que é supor que basta ir à escola para aprender. É preciso querer aprender e se esforçar bastante para esse fim. Essa, agora, é a vingança de Descartes.



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa nº. 2.001, e na edição on-line nº. 501 do Jornal Caiçara, de 27 de junho de 2008.

por: UNIUV

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