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ARTIGO – Um carinho no momento preciso


Sábado pela manhã, na praça, próximo à linha férrea, na fronteira de Porto União com União da Vitória, um grupo de pessoas, com alto-falantes, convida o povo a aproximar-se, para doarem um cobertor, pois havia pessoas a serem aquecidas nesse inverno rigoroso. Faixas, rádios locais, empresas empenhadas na arrecadação, articularam-se e ainda não cessaram a campanha, mesmo após aqueles dois sábados, momentos fortes de coleta. A todo o momento o telefone toca e os líderes vão ao encontro do doador.


O grupo, irmanado, feliz, com o coração aquecido de amor, foi conquistando, de fato, os passantes: “Partilhe amor e calor, doe um cobertor!” E complementavam, mostrando o painel digital, às 8h30, indicando 4 graus, e às 10h, 5 graus de temperatura. Pediam aos passantes que imaginassem o frio da madrugada, e o irmão carente, passando aquele frio todo. Apelação? Não! Pura verdade.


Arrecadaram perto de 300 cobertores, e saíram distribuindo calor humano, aquele que recolheram dos doadores, que, de boa vontade, atendiam a seu apelo. Logo a seguir, sem demora, pois existia urgência desse abrigo especial, cada associação organizada em favor do próximo recebeu a visita daqueles jovens do Lions e do Leo Club de Porto União. Deram um abraço a cada criança, com indisfarçável realização pelo bem que estavam fazendo e que sabem, terá repercussão por vários invernos, pois cobertas são bens duráveis. Sabem também que a marca desse abraço e desse sorriso durará muito mais…


É comovente participar desses momentos, seja recebendo, seja intermediando, seja doando, porque sentimo-nos aquilo que realmente somos: irmãos, longe de qualquer atitude de ostentação, de vanglória, de egoísmo.


Uma das criancinhas recebe seu cobertor, apertando-o bem junto ao corpo, como se fosse um bichinho de pelúcia, e pergunta para mim: “Vai ficar comigo para sempre?” “- É claro, é seu”, respondo admirada. A menina sai dando pulinhos de alegria, em ritmo de festa.


A gratuidade de todo esse trabalho, tão leve, embalado em alegria e bondade, torna esse momento qualquer, em momento valioso, e dá à vida um brilho mais intenso.


Se algumas vezes nos escandalizamos com o mal, com a crueldade humana, com os vícios, com a violência, com a corrupção, há tantas outras situações que compensam o nosso senso de humanidade. Com isso lembramos as lições de Dom Dondeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre, que afirma como condição para a unidade universal, a “liberdade e respeito por tudo que há de bom; a solidariedade, que ampara os mais fracos; e a fé no homem, em sua dignidade de pessoa e em sua capacidade de fazer o bem, fé esta que reflete uma adesão mais profunda do gênero humano ao Pai comum de todos”.


Também o poeta Quintana, em O que o tempo não levou, mostra o valor inestimável de gestos assim, altamente espirituais, que brotam do um íntimo do ser humano:


“No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas / que o vento não conseguiu levar: / um estribilho antigo / um carinho no momento preciso / o folhear de um livro de poemas / o cheiro que tinha um dia o próprio vento…”


 


* Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi) e da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua Portuguesa, no Colégio Técnico de União da Vitória (Coltec), e nos cursos de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv. Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

por: UNIUV

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