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ARTIGO – Violência e medidas preventivas
O tema da violência é polêmico e tem gerado preocupação a todos os setores sociais, posto que uns se sentem responsáveis por manter a segurança dos cidadãos, outros sentem-se alvos da violência urbana. Em um contexto em que até a cidade mais interiorana constata frequentes problemas de trânsito, de violência doméstica, de ameaças e frutos, de pedofilia, etc.etc. uma das providências é conversar mais sobre o assunto, procurando esclarecer as ideias e propor atitudes capazes de garantir a segurança e a harmonia, na maioria dos ambientes.
A Pastoral da Educação, de União da Vitória, propôs, e a Uniuv aceitou de bom grado realizar um painel de debates sobre esse tema, o que ocorreu dia 19 deste, na sala de eventos, à noite, com os ilustres debatedores: Professor e Padre Abel Zastawny, Psicóloga Dr.a Yara Roman, Promotor da Infância e da Juventude, Dr. Júlio Ribeiro de Campos Neto, e o Comandante da Polícia Militar de União da Vitória, Major Edson Hartmann. Cada um dos painelistas apresentou, brevemente, um aspecto da violência, aquele com que, devido às funções que exerce, tem maior experiência e conhecimento.
Padre Abel focalizou um ângulo pouco observado: quando a pessoa age contra si própria, deixando de descansar, de alimentar-se bem, de ter algum tempo para sua reflexão e cultivo pessoais, ou consumindo substâncias nocivas à saúde.
Dr.a Yara enfocou a questão dos valores e da imagem que cada pessoa ou grupo faz de si, muitas vezes confundindo o ter e o ser, culpando os outros por seus problemas, vingando-se da sociedade. E mostrou como as escolhas mal feitas desviam a rota da vida de muitos. Nisso o capitalismo, a concorrência, os meios de comunicação têm sua influência decisiva, se a pessoa não tem bem claro quem é e o que espera da vida, sua posição perante o mundo.
Dr. Júlio chegou derrubando alguns mitos, desafiando a plateia a mostrar que os direitos das crianças e dos adolescentes são “superdireitos”, que o Estatuto da Criança e do Adolescente confere algo de extraordinário, que já não seja garantido aos adultos, a pessoas dessa faixa etária. E mostrou-se esperançoso quanto à possibilidade de recuperação dos menores infratores. Para isso concitou a todos que se interessem para que sejam destinadas mais verbas para essa especial área da segurança preventiva, em vez de lutar pela redução da idade penal, que já se demonstrou solução inútil e falaciosa.
Major Hartmann descreveu o trabalho das polícias, seu empenho; que possuem metas a cumprir, que trabalham em comum acordo, como são chamados a treinamentos e avaliações constantes.
Os questionamentos sobre tipos de crimes, atitudes da mídia, situação das cadeias públicas, relações da criminalidade com o tráfico e/ou consumo de drogas, tudo foi respondido com ponderação. Quanto à liberação do uso de drogas, como meio para reduzir a guerra entre gangues, manifestou-se desfavoravelmente, pois se a bebida alcoólica, que é permitida, ocasiona tantas agressões e mortes, o que não se daria a partir do uso liberado de substâncias altamente tóxicas, argumenta. Sobre esse ponto, Padre Abel ironizou: “vamos liberar, sim, haverá droga para vender até nas padarias, em toda parte. Nos bancos, façam-se duas filas: uma pela frente, para os clientes, e outra, na porta dos fundos, com acesso aos cofres, para os bandidos.”
Dr.a Yara contou uma história, elucidando, com gestos, o que acontece com quem quer agradar aos outros, e não a si mesmo: bonito, porém sofredor. “Mancando, andando torto, mas de terno feito por alfaiate francês.”
Afinal, foram duas agradáveis horas de debate público, com os cursos de Jornalismo, de Publicidade e de Secretariado Executivo, tudo mediado pala jornalista Professora Angela Farah, que conduziu com habilidade a relevante polêmica. O saldo positivo é que todos saímos mais conscientes de nossa responsabilidade pela ordem, pelas atitudes e ações preventivas contra a violência. Alguns acadêmicos entrevistaram os debatedores e a mediadora, na certeza de que esses encontros com profissionais de outras áreas enriquecem sobremaneira o currículo do acadêmico.
*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), membro da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua e Literatura nos cursos de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.
Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br
Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 23 de outubro de 2009, do Jornal Caiçara.
por: UNIUV
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